Sabemos que o "mundo ideal" não existe. Que o ser humano desde sempre viveu em condições pouco ou nada "ideais" mas que, mesmo em condições extremas, foi sobrevivendo; sabemos que o ser humano pode sobreviver a situações trágicas, à escassez de recursos, violências, poluição, acontecimentos traumáticos... e que, até em condições de vida o mais hostis, há sempre alguém que consegue manter as capacidades de amor, criatividade, génio, compaixão, compreensão, que nos tornam humanos.
A questão que pretendo analisar neste livro e que, na minha opinião, todos que têm a responsabilidade de criar crianças se deveriam colocar, é a seguinte:
"Queremos criar seres humanos que, apesar de todas as condições adversas, sobrevivem?
Ou:
Queremos contribuir para que as condições sejam as menos adversas possíveis ao saudável desenvolvimento físico e emocional, de forma a possibilitar que floresça o potencial de cada um?"
Neste texto, e partindo do princípio de que as disfunções sociais existentes são resultado de uma educação obsoleta, autoritária e manipuladora que começa em casa e se perpetua na escola, serão descritos aspetos fundamentais a ter em conta para reverter esse processo educacional decadente. Apresentarei propostas para criar crianças emocionalmente saudáveis e contribuir, assim, para uma sociedade mais equilibrada e sustentável.
Será analisado como nos desviamos das necessidades inscritas no nosso padrão biológico e as consequências que isto tem a nível individual e social. Apresentarei algumas ideias para aproximar as necessidades à realidade, de modo a criar um contexto de educação mais coerente e saudável, que permita a cada um desenvolver o seu máximo potencial, de modo a enriquecer e inspirar a nossa sociedade.
Por fim, irei descrever a minha opção pessoal que resulta para a minha família e vai ao encontro dos meus valores descritos de liberdade, desenvolvimento individual e tolerância: o Unschooling.